sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Buenos Aires 3 dias, 4 dias, 5 dias…. Deviam ter sido mais

Em Colónia del Sacramento (Uruguay) o barco que deveria levar-me para Buenos Aires atrasa-se, e é assim que eu e um Australiano gigante de nome James, decidimos passar a tarde passeando de scooter neste pequena cidade que em tempos foi Portuguesa. Sem capacete, sem óculos e mal habituado a semelhante veiculo, esforço-me para acompanhá-lo nos primeiros momentos, até que encontramos outro punhado de amigos anglo - ingleses e americanos - que havia conhecido em Montevideo. Depois de uma tarde bem passada entre cervejinhas e passeios de scooter/buggy, embarcamos todos no catamara que nos levará à cidade que é considerada Paris da América do Sul: Buenos Aires.

Chego atrasado pelas 23h30 da noite ao hostel Estoril, um dos melhores hostels do Mundo, facto que se viria a confirmar no decorrer dos dias que passei aquí. Dotado de um terraço de nivel superior, com sala de televisao (200 canais), Bar, excelente ambiente e com funcionários super simpáticos e prestáveis, sinto-me em casa neste hostel, vá... quase casa.
Inicialmente tinha reservado cama para 3 dias mas sabendo já de antemao que provavelmente iria ficar mais tempo. Por isso, nao fiquei surpreendido quando a cidade me surpreendeu. Desculpem o paradoxo mas é assim mesmo que deve ser dito e como diria o meu primo Diogo: “Alavanca o paradoxo!"
Entre visitas ditas culturais em modo solo, ou saídas nocturnas com o resto da malta do hostel, acabei por reservar cama para mais um dia. Conheço várias pessoas interessantes:

Victor, Catalao de corpo e alma, tinha estado a viajar com os Pais pela Argentina nos últimos 15 dias mas depois da sua partida, decide ficar em Buenos Aires e Argentina por mais umas semanas. Publicitário de profissao, despediu-se do seu recente emprego quando o seu patrao nao fez caso das suas exigencias salariais, ficando agora livre para ”to think in life you know? Being alone is good to think!”. Agora imaginem isto com aquele toque cómico que a pronuncia española traz….

Peter, um suiço bebedolas de 1,85, tinha passado 2 meses em Buenos Aires para aprender español e depois de atingidos os minimos, qualificou-se para uma viagenzita de 2 meses pela Bolivia e Argentina. Tinha acabado de regressar e estava a aproveitar os seus ultimos dias em B.A. pelo que as saídas nocturnas e as bebedeiras eram constantes, assim como as ressacas matinais!

Bem acompanhado, reservo mais uma noite no hostel e continuo com a mesma receita dos dias anteriores, de manha incursao pelos bairros da cidade e a noite (caso estívesse com vontade) uma saidazinha.
Entre la Boca, San Telmo, Palermo e outros Bairros da cidade, traço igualmente um roteiro gastronómico exigente cuja dieta se baseia essencialmente em "bife de chorizo" ou "bife de Lomo". Como seria de calcular, a qualidade da carne é qualquer coisa de divinal. Coincidência ou nao, A fotografia abaixo foi tirada exactamente no dia em que comi melhor até ao momento, foi um belo "bife de chorizo con papas à lá créma"...mmmmm..






Ah! Obviamente que o Tango esteve presente! E que tango! Com Thais (S.Paulo) e sua familia, acabei por me encontrar num dos melhores espectáculos de Tango da cidade, "Esquina Carlos Gardel" segundo me lembro, era o nome da companhia. Depois de umas entradas bem saborosas e de um bife bem suculento, começam as danças, que bela sobremesa! Uma dança em estilo clássico, chique mas com um toque de sensualidade Sul americana.
Sem qualquer espectativa em relaçao ao que estava para assistir, saio do restaurante/teatro completmante extasiado com o que tinha acabado de ver... Valeu a pena!





Nao sei como hei-de explicar como é Buenos Aires, mas penso que se quiser resumir a capital Argentina numa frase, será qualquer coisa assim: "Uma cidade marcadamente espanhola, mas com um pequeno toque do exótico que a América do Sul carrega". Vale a pena visitar, sem dúvida alguma. Parto com a sensaçao que um dia voltarei, 5 dias souberam-me a pouco.... Adorei!
Estou agora na Patagónia, uma regiao que sempre me fascinou!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Uma Cascata...

Eu queria ser uma catarata, uma que todos conhecessem. Capa de revista e estrela em fotografias, todos me respeitariam pois o poder da natureza, o meu poder, dificilmente seria contrariado.
O ruido que as quedas de água provocariam ao ressaltar nos altos degraus cuidadosamente colocados ao longo do meu "corpo", seria a prova da minha força. Ribombando como uma trovoada, mas ao longo de tempo indeterminado, este ruido impressiona a todos menos a fauna e a flora que ao longo dos tempos se vai alimentando de mim e eu, magnânimo, permito.
Viveria para sempre tudo à minha volta mudaria, menos eu pois o tempo nao me diz respeito, a minha existência é perpétua.
Mas pensando bem, eu quero mesmo ser uma catarata? será que eu quero viver para sempre? Ou viver para sempre como alguém grandioso? A resposta é nao.
Ainda bem que a vida é efémere. O facto do tempo ser um recurso esgotável faz-nos abordar a vida de um modo diferente, de uma maneira mais humilde. Ao mesmo tempo, ficamos com ganas de fazer algo grandioso, mas nao de sermos grandes. Se a vida é apenas o decorrer do tempo entao, este tempo é precioso! Ainda bem que sou pequeno, ainda bem que o Mundo é grande e complexo, ainda bem que o tempo é limitado pois assim tenho algo para fazer enquanto estou por aqui.
Ah! Por falar em cataratas, aqui vao umas fotos das cataratas do Iguaçú e da Serra Gaúcha...





Eu e o meu amigo Horácio...



Mike e Maria, dois holandeses com quem passei o dia.




Queda de água de 131m no parque do caracol, perto de Canela e Gramado

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

São Paulo

Chego ansioso a São Paulo pois é aqui, na segunda maior metrópole do Mundo, que se encontram dois grandes amigos meus, Thais e Luis. Conheci-os através do programa de intercambio Europeu "Erasmus" em Marselha e felizmente para mim, temos mantido contacto, contacto esse que me deu jeito para conhecer a Cidade e claro, para não pagar alojamento (obrigado Luis).







Através de Thais vou conhecendo a parte Erudita e chique da cidade, e apercebo-me que aqui em São Paulo a ideia de "novo" e "velho" têm significados completamente diferentes do que na Europa:

- Está vendo aí esse prédio? Olha como é bonitinho? Não é?

Olho para o prédio, um mastodonte horrivel dos anos 50 ou 60 e respondo - Sim, é engraçado mas eu prefiro aquele ali - aponto para um skyscraper moderno.

- Ah estou vendo, cê não gosta dos prédios antigos, prefere os modernos né?

- Antigo? aquilo é antigo? o prédio onde moro lá em Lisboa deve ser quase da mesma idade! Antigo é o Castelo de S.Jorge com 800 anos!!

- Pô mas aqui para S.Paulo é antigo! - não consigo deixar de conter o riso ao pensar na noção de antigo/moderno em S.Paulo!

Continuamos a nossa visita e ao longo da semana percorremos vários pontos essenciais da cidade: Museu Arte de São Paulo, Pinacoteca, Sala S.Paulo, restaurantes, Centro da cidade, bolsa de valores, Galeria Rock, Museu do Futebol, entre outros... Muito animado!





Por seu lado, Luis apresenta um estilo diferente, e é dentro do seu pequeno Chevrolet Celta 1.0 (mas segundo o dono: com espírito 3.0) que me vai mostrando os modernos edificios da cidade, bares, shoppings e ainda um jogo de futebol.
Galgando passeios, pisando riscos contínuos, criando faixas onde elas não existem, queimando sinais vermelhos, excedendo os limites de velocidade, sou conduzido pelo "espírito 3.0" de Luis pelo caos da cidade, sempre agarrado ao banco e colocando a mão à frente da cara sempre que algum atentado ao código da estrada era cometido.
Viagens muito animadas estas, em que o condutor é um brasileiro nascido na Holanda, vivido em Inglaterra, filho de mãe Portuguesa, vivendo a infancia no Mato Grosso e agora Estudando em S.Paulo!












Saio desta cidade feliz, feliz por ter encontrado amigos que outrora conheci e feliz porque a cidade proporcionou-me bons momentos. Seria incapaz de viver aqui, ao caos da cidade eu respondo: "Vade retro Satanás!", e concluo que Lisboa já não parece ser assim tão caótica, até apetece viver lá imaginem só!
De qualquer das formas, S.Paulo é uma cidade onde a diversão não pára e há sempre algo para fazer, o que por si só constitui um bom argumento para visitar esta mega-cidade de 29 milhões de habitantes (área metropolitana). Seja concertos de música clássica ou shows de heavy metal, Exposições de arte clássica ou cocktails de arte pós moderna, restaurantes fast-food ou restaurantes "nouvelle cuisine", S.Paulo tem-os a todos....
Se por um lado o Rio de Janeiro está sobrevalorizado, então São Paulo está subvalorizado, o que é preciso é ter os guias certos!