quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Rio de Janeiro

Muito sem tem ouvido falar do Rio de Janeiro. E o muito que se ouve falar, normalmalmente é bom, senão mesmo excelente. Mesmo assim, chego à cidade mais famosa da América do Sul cauteloso... Será mesmo assim tão bom?

Fiquei hospedado em casa de uma carioca amiga, seu nome Marina, que conheci em Londres aquando a minha estadia lá há um ano atrás. Depois de quase 10 dias a dormir em Hostels e em autocarros, ávido por um bom quarto e entusiasmado pela perspectiva de passar uns dias com alguém conhecido, chego a sua casa em Ipanema, perto de Leblon, na zona chique da cidade. Foi bom ficar em casa de alguém que habita na cidade pois foi-me permitido ver coisas que se calhar não teria oportunidade de ver caso estivesse sozinho. E o que me foi mostrado por Marina e sua família foi bom: comi em bons restaurantes, assisti a um jogo no Maracanã, convivi em família, fui à famosa "night" carioca e ainda aos obrigatórios Cristo Rei e Pão de Açúcar. No fundo, a única coisa em que falhei, foi na minha ausência na praia, o que não me arrependo muito, pois apesar da fama que estas praias auferem, a ideia de estar numa praia dita paradisiaca em frente a um bloco de apartamentos, não me agrada. Ainda assim, gostei de andar pela calçada portuguesa que percorre as praias de lés a lés enquando observava a vida de praia que se fazia.

Mas nem tudo no Rio é bom, existem muitos "senãos" e a ideia com que fiquei após 4 dias na cidade (o que retira alguma credibilidade à minha opinião) foi que o Rio é um local no Mundo onde o fosso entre a riqueza e a pobreza atinge niveis incomuns e onde estranhamente, as duas realidade convivem lado a lado. Assim, foi estranho para mim saber que todas as casas em Ipanema, Leblon, e Barra, estão rodeadas de grades e ainda dispõem de um segurança 24 horas por dia. Foi estranho passar por um aglomerado de vagabundos no centro e, 2 horas depois estar rodeado da nata jovem da cidade, numa varanda com piscina que dá para a Lagoa. Foi estranho ir para uma discoteca e mesmo ao lado, assistir a um aglomerado de prostitutas e clientes a conviver. O que estou a tentar dizer é que me diverti, mas sempre com um ligeiro peso na consciência...

Saio desta cidade com um contentamento descontente rumo a São Paulo, capital financeira da América latina. Como será?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Esgotado...

Dia 20 de Setembro,
Saio de Salvador rumo a Porto Seguro, chego ao terminal rodoviário de Salvador por volta das 18h, como uma bucha e, de acordo com as indicações da senhora que me vendeu o bilhete, espero pela hora de embarque na sala VIP. Sim! Ouviram bem, sala VIP. Coincidência ou não, a companhia pela qual viajo (Águia Branca) parece ser a única que fornece este tipo de mordomias! Chegada a hora de embarque, entro no "Ônibus" e qual não é o meu espanto quando vejo que o interior do dito ônibus se assemelha ao interior de um voo de classe executiva: Cadeirões reclináveis, televisão, água e casa de banho.... Muito bom! Pensei para mim mesmo, parece que as próximas 12 horas não vão ser assim tão desagradaveis. E meu dito meu feito, depois de ver dois filmes dobrados em brasileiro, adormeço no meu cadeirão e acordo às 6 da manhã, já perto de Porto Seguro, local onde o Brasil nasceu.

Chegado a Porto Seguro, tomo um taxi para o Centro e escolho um hotel de aspecto sinistro, pois ao que parece, além de alugar quartos também vende casas e carros. Contudo, decido não ficar no hotel: depois de uma luta desenfreada com a colónia de mosquitos que convivia alegremente no quarto, e de consultar melhor o meu guia acerca do interesse do local, rumo outra vez para a rodoviária (desta vez de onibus). Compro uma passagem para Belo horizonte e com o tempo que me resta, visito o centro histórico de Porto Seguro que, diga-se de passagem, não tem nada de mais: duas igreja e um duvidoso padrão de pedra com as armas Portuguesas. Parece que tomei a decisão correcta ao não ficar na cidade!
Desapontado, embarco no Onibus para Belo Horizonte. Espera-me uma viagem de 17 horas pela frente e a brasileira que está por trás de mim não facilita os momentos iniciais pois trauteia ruidosa e constantemente as músicas que vai ouvindo no seu MP3. Além disso a televisão estava avariada e por isso, o entretenimento a bordo estava reduzido ao mínimo. Ainda assim, consigo dormir as últimas 7 horas e acordo já em Belo Horizonte.

Saio directo do autocarro e vou à bilheteira comprar um bilhete para Ouro Preto, cidade mineira dos séculos XVIII e XIX: "Não aceitamos cartão, só dinheiro", responde-me o vendedor com ar solene. Saio assim da rodoviária para procurar uma caixa multibanco, encontro uma passados 45 minutos de procura incessante por Belo Horizonte munido da minha mochila de 13 kg... Lá consigo chegar a tempo do proximo autocarro.



Chego a Ouro Preto, e sorte a minha, encontro lodo à saida da estação uma tabuleta com a indicação de um Hostel do ramo "Hostelling International", sigo as indicações e acabo por aterrar no "Hostel Brumas", são 11 da manhã de dia 22.
Resolvo não descansar, a cidade espera por mim. E que espetáculo de cidade! Nascida com a descoberta de Ouro no estado de Minas Gerais, Ouro Preto é toda ela uma cidade Portuguesa do século XVIII. Passo o dia entre igrejas, museus e pracetas. Para chegar a qualquer sitio é necessário trepar pelas ruas pois em Ouro Preto as ruas têm declives absurdos. E é a trepar que pelas 18 horas, vou para o Hostel. Mas, infelizmente para mim, lembro-me que tenho de jantar. desco outra vez para o centro, compro uma pizza congelada e volto a escalar a rua que dá para o Hostel.
Travo conhecimento com dois ingleses que viajam há 11 meses, uma Francesa e uma Americana. Janto e passo o serão com eles, sabe bem conviver!

São 23h30, vou para a cama esgotado...

sábado, 19 de setembro de 2009

Início

Ao chegar a Salvador da Bahia a primeira coisa que me passou pela cabeça foi: "Mas onde é que te foste meter Francisco?!". Verdade seja dita, ainda não estou acostumado à ideia de passar os próximos meses a vaguear sozinho pelas Américas, parece-me a mim que não estou minimamente preparado para tal empresa.
Se me perguntassem ha 6 anos atrás qual seria o percurso a tomar por esta altura, eu responderia "Trabalhar numa consultora, Banco ou qualquer coisa do género....", ou seja, nada relacionado com o que estou a fazer! Além disso, tendo estudado onde estudei, tudo me levaria crer que esse seria o meu percurso.
Contudo, como a vida é recordada através de experiências, esta seria uma experiência que eu não poderia deixar passar ao lado! Não consigo evitar rir para dentro ao pensar na ideia! E é por esse motivo, que apesar dos meus receios, entrego-me a este projecto.
Enfim... Agora estou em Salvador, uma das primeiras cidades Portuguesas no Brasil. Uma cidade pintada pela alegria que os baianos levam consigo: Em cada esquina do centro existe uma escola de capoeira, os edificios, pintados com cores pastel lembram a baixa Lisboeta e a percussão dos tambores marca o ritmo do centro da cidade. Os edificios históricos provam a presença Lusa no País: Igreja de S.Francisco, a Basilica e a Igraja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Todos estes edificios conferem a esta cidade um tom marcadamente Português que me leva a navegar pelos séculos passados do colonialismo.

Hoje estou em Salvador, amanhã não sei, talvez Porto Seguro ou Lençois...