quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Viagem S.Pedro de Atacama a Uyuni

Receoso que esta excursão fosse um fiasco tal como outras que tenho feito, acabei por pagar relutantemente os 65.000 pesos chilenos na agência de turismo em S.Pedro de Atacama. No dia seguinte, lá estava eu à porta da agência para iniciar esta viagem que se revelou uma agradável surpresa. Foram 3 dias vividos entre as mais belas paisagens que alguma vez vi. Assim, não vale a pena desperdiçar muitas palavras pois as fotografias falam por si.
Com alguns dias de atraso aqui vai uma breve discrição, acompanhada de respectivas fotos, da excursão de 3 dias que me levou de S.Pedro de Atacama no Chile até Uyuni na Bolívia.

O primeiro dia começou com os habituais procedimentos burocráticos de regularização de passaportes na fronteira dos dois países. A única diferença destes "habituais" procedimentos burocráticos era o facto de estes terem lugar a 4.000m de altitude. Por este motivo, assim que saí do carro, senti de imediato um frio gelado no corpo inteiro pois não vinha preparado para tal adversidade e um vento impiedoso que não deixava escutar o silêncio complicava ainda mais as coisas. A cereja em cima do bolo foi colocada pela notória dificuldade em respirar, sensação constante ao longo da viagem.
Terminados todos estes procedimentos troco de veículo. Agora estou num 4x4. É neste momento em que conheço os meus companheiros de viagem: Dean (inglês), Diana (alemã), e Jean (Brasileiro). Cada um com as suas manhas e manias, acabamos por formar um grupo bastante divertido que ajudou a passar da melhor forma as longas horas de viagem.
Saídos da fronteira, passamos por várias lagoas de alta altitude das quais se destaca a "laguna colorada" - versão portuguesa, lagoa colorida - onde uma colónia de flamingos prospera. Notórios também, foram os geysers "sol de la mañana", os mais altos do mundo, a cerca de 5.000m de altitude.
No final do dia, uma aguda dor de cabeça provava o enjoo de altitude, sentia o cérebro a latejar, pouco agradável! Tomo um chá de coca e vou para a cama cansado


................................Geysers "Sol de la mañana"...........................






.....................................Laguna colorada.................................





.....................................Laguna Colorada................................







No segundo dia acordo um pouco melhor do enjoo de altitude mas ainda um pouco abalado, por isso mesmo, venham mais folhas de coca! Partimos fora de hora já que, bem ao estilo boliviano, estamos todos atrasados.
A primeira paragem fica no deserto de Dalí, nome herdado do pintor surrealista exactamente porque a paisagem marcadamente ao estilo lunar faz lembrar muitas das suas obras. Aqui, encontramos um conjunto rochoso de onde se destaca a árvore de Pedra, uma rocha com cerca de 5m de altura que lembra uma árvore.
A segunda paragem realiza-se na Lagoa Honda, o que não deixa de ser irónico já que todos os jipes que por aqui passam são marca Toyota. Lá tiro mais umas fotos de flamingos e volto para o quentinho que se sente no carro.
Paramos mais umas quantas vezes para ver mais lagoas e flamingos até que chegamos ao sopé de um vulcão activo, o vulcão Ollague. Mais umas chapas e volto para o carro.
Depois de muitas horas no carro, muitas fotografias e algumas dores de cabeça, chegamos ao nosso albergue, um hotel feito quase inteiramente de sal, coisa com piada e com criatividade, comenta Jean, publicitário em S.Paulo.



.....................................Deserto de Dali.................................




.....................................Deserto de Dali.................................



....................................Árvore de Pedra..................................



.....................................Deserto de Dali.................................


Terceiro e último dia. Aqui, o que mais se destaca é o gigante salar de Uyuni que, segundo me lembro, cobre uma área de 12.000km2. Impressionante! Igualmente impressionante, se bem que um pouco fora de lugar tendo em conta que é único no deserto de sal, é a ilha de cactos que encontramos no meio do nada. Parece mesmo um oásis pois o branco ofuscante do sal contrastando com o escuro da ilha dá esse efeito. Não há mais nada nas redondezas!
Mais à frente, já perto do final do dia encontro um trabalhador na mina de sal, totalmente coberto da cabeça aos pés. Curioso, informo-me que ganha cerca de 1 euro por dia...E eu aqui a "desbundar" pela América do Sul!
Chegamos a Uyuni cedo, cerca das 14h30 e após uma breve troca de impressões, eu, Dean, Diana e Tanja (croata que vinha noutro carro) compramos bilhete para Potosí, a cidade mais alta do Mundo, a 4.100m de altitude.


.....................................Ilha dos cactos.................................



....................................Uyuni: Mina de Sal...............................




.........Uyuni: durante uns tempos este foi o nosso veiculo.........




..................................O grupo na sua totalidade.........................

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Bolívia














Populaçao: 9,6m
Área: 1 098 581 km2
Linguas oficiais: Espanhol, Quéchua e Aimará
Religiao: 98% católicos
Moeda: Boliviano
PIB per capita: US$1.737 (125º)
Capital Constitucional: Sucre
Sede de Governo: La Paz
Presidente: Evo Morales

Ainda só cá estou há uma semana mas já deu para ter uma ideia do que é a Bolívia e como funciona. Repito, é apenas uma ideia e é esse pequeno esboço que vou tentar apresentar. Um traço ali, uma cor aqui e desenho este país ainda desconhecido para a maioria dos Europeus.
Sem costa marítima, a Bolívia pode ser dividida em duas partes. A Este temos a floresta tropical grandemente ocupada pela Amazónia. A Oeste, a floresta dá lugar aos majestosos Andes, cujos picos chegam a ultrapassar os 6.500 metros de altura. Em ambos os casos o Sul do País é um pouco mais seco.
Assim, nao é de admirar que as deslocaçoes sejam morosas, Os velhos autocarros Mercedes pouco podem fazer face à geografia do país, sobretudo na estaçao das chuvas. Seja a subir montanhas, a curvar e contracurvar ou chocalhar em estradas de terra batida, as velocidades médias sao frustrantes e todo o conforto que já está limitado pelos própios veículos piora ainda mais. Tudo isto faz parte de viajar e experimentar, nao tenho outra opçao senao sujeitar-me aos rigores dos deslocamentos. Nao fico muito chateado, sempre me da um cheirinho de Moçambique!

Quanto aos Bolivianos propiamente ditos, revelam-se muito diferentes dos congéneres sul americanos que entretanto já visitei. Ao contrário dos Argentinos, Brasileiros e Chilenos sao mais tímidos e reservados. Se as suas feiçoes sao duras, a sua personalidade aparenta ser suave e nao querer mal a ninguem.
Existem dois grupos étnicos distintos na Bolivia . O primeiro, composto essencialmente por indigenas, representa a parte mais pobre do país (cerca de 70% da populaçao). O outro grupo é representado pelos mais ricos "meztizos", cujas feiçoes sao suavizadas pelas suas ascendencias Europeias. Como esperado, existe um fosso económico-social grande entre estes dois grupos, entre o tradicional pitoresco e o moderno rico mas insípido.
Curiosamente, enquanto os indios (indegenas se quiserem) nos presenteiam com ricos e coloridos trajes tradicionais dos Andes, os ricos "meztizos" apresentam "pobres" vestimentas europeias.

Passeio pelas ruas da cidade e vou observando como se faz a vida. Deparo-me imediatamente com um desfile magnífico das escolas da cidade. Só amanha é que a Bolívia celebra o seu dia nacional mas nao importa, temos de festejar a véspera! Eles, vestidos a rigor de fato, gravata e chapéu vao tocando tambores e cornetins enquanto elas, vestidas também a rigor mas com umas desenquadradas mini saias, vao desfilando e atirando bastoes de desfile pelo ar. E assim se passa uma manha inteira, cerca de 20 escolas, copiando-se umas às outras servem de aperitivo para a cidade, amanha vem o Presidente! Evo Morales chega amanha!
Continuo, as "calles" sao sempre enfeitadas com vendedores de todo o tipo. Amendoins, águas, aparelhos electrónicos, jornais, chapéus, panos dos Andes, folhas de coca, entre outros.
Chegado ao terminal rodoviário sou feito alvo das vendedoras de bilhetes que aborrecidas, vao apregoando alto e a bom som o destino que estao a vender.

- Potosi! Potosi! Potosííííí!!!
- Oruro! Oruro! Orurrrróóóóó!!!

Compro o dito bilhete e volto para o Centro. No restaurante fico impressionado com os preços. Por uma refeiçao de 30€ em Portugal, aqui pago cerca de 7€ e acreditem, a qualidade é a mesma e o serviço melhor!
Neste restaurante nao comi o prato típico da Bolivia. A comida tradicional reflecte a condiçao económica do Pais: Todo o requinte está confinado a um humilde pedaço de "pollo con papas cozidas", quanto muito come-se um belo bifinho de Lama que lamento dizer, ainda nao faz parte do meu palmarés gastronómico.
Apesar ser contra o uso de taxis enquanto mochileiro, devo confessar que ainda nao usei outro transporte publico! Por uma viagem de cerca de 5€ em Lisboa (Restelo-Santos), pago cerca de 50 centimos. Por isso, por mais forte que seja a minha vontade de viver o Pais atraves do contacto com as pessoas, seja no autocarro ou restaurante, sou levado amiúde a optar por opçoes mais caras mas que ainda assim sao baratas para um Portugues.

Este é um País pobre, competindo em termos de PIB per capita com Países como o Sudao ou Nigéria. Nao é de todo incomum encontrar hordes de pedintes - na sua maioria indigenas de idade avançada - mendigando pelas ruas das cidades e eu, "gringo" rico, sou alvejado mais intensamente... Lá vou dando umas moedinhas.
A razao pela qual a regiao mais rica das colónias Espanholas é agora a mais pobre escapa-me. Parece-me no entanto que a cobiça por essa mesma riqueza (essencialmente metais preciosos) foi uma das causas para o caos que este País viveu desde a sua fundaçao em 1825. Como interessado por material histórico, tenho de estudar melhor o assunto.

Vou amanha para a regiao de Chiquitos no extremo Este do País. Floresceram aqui durante quase 100 anos ricas missoes Jesuitas que, depois de expulsas a mando real em 1767, cairam em miséria.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Viagem de Autocarro

Sao cerca de 23 horas de viagem ou seja, mesmo para os padroes Sul Americanos é uma viagem longa, cerca de 2000km. Chegado ao terminal rodoviário com uns seguros 30 minutos de antecedência, dirigo-me ao café e compro uma "empanada" e uma garrafa de água. Lá como o dito alimento necessário a tao longa jornada e entrego a minha mochila ao bagageiro que prontamente me entrega um comprovante de bagagem.

Subo ao 2ºpiso do autocarro e aterro no lugar que me está destinado. Para variar, escolhi um lugar junto à janela mas para grande infelicidade minha, esta revelou-se uma má escolha. A verdade é que as cadeiras desta companhia sao mais estreitas que o normal e a distância entre as filas mais curta. Além disso, o que deveria ser janela é afinal uma barra que atravessa diagonalmente o vidro.
Por essas razoes, assim que chega o passageiro do lado e assim que o da frente decide inclinar a cadeira para dormir, sinto-me como um contorcionista tentando escolher a melhor forma para caber numa caixa pequena.

O autocarro arranca pelas 19h00 e passo os primeiros momentos a bordo apreciando a paisagem enquanto navego pelo mar dos meus pensamentos. É o pôr do Sol e vou pensando nas pessoas que estao em casa, na famíla, nos amigos, neste e naquele pedaço do meu ser que ficou pela terra de Camoes. Da mesma forma, faço uma retrospectiva do que foi feito nesta viagem, do que aprendi e o que falta fazer e aprender... Muitas coisas!

Luzes apagadas. Agora é tempo de cinema. Coloco os headphones e dou início a uma maratona cinematográfica que me ocupa o tempo ao longo de 3 horas. Findas as 3 horas, paramos pela primeira vez e o passageiro que está ao meu lado sai e dá lugar a outro muito mais modesto na ocupaçao de espaço. Pode ser que consiga dormir.
Contudo, travo uma acesa batalha contra o desconforto, tudo em prol de uma razoável noite de sono:
Braço direito para cima, esquerdo para baixo e pernas esticadas. Nao, assim nao dá! Braços cruzados sobre o peito e perna direita apoiada no banco da frente. Por momentos parece ser a posiçao certa mas ao fim de 15 minutos a perna fica dormente. Ok, mais uma tentativa. Braços estendidos, perna esquerda dobrada e cabeça inclinada, nao! Também nao dá!

E assim passei 2 horas, batalhando, controcendo-me e praguejando até que, resignado, saco do meu Mp3 e lá vou escutando as mesmas músicas de sempre (1gb de memória) até ao momento em que se dá nova paragem e, milagre! As cadeiras à minha frente ficam vagas!
Como um caozinho contente saio do meu desconforto espartano e atiro-me para os melhores lugares do autocarro, a fila da frente. Aqui podemos observar como o condutor, qual maestro dirigindo uma orquestra nos conduz através de paisagens inóspitas que adornam o caminho. Finalmente adormeço.

Acordo passadas 3h com o sentar pesado do novo passageiro do lado. Mas ora francamente! Era preciso acordar-me com essa violência toda? Viro-me para o lado, amaldiço-o por dentro e levo mais uma hora de sono leve até que acordo com fome de pequeno almoço e queixando-me da típica enxaqueca proveniente de longas horas enfiado num charuto rolante. Mesmo assim, tento dormir mais um pouco - pode ser que o tempo passe mais rápido - mas a hora foi sobretudo gasta com bruscas mudanças de posiçao que me impedem de concentrar no sono... Desisto, um cafézinho calhava mesmo bem agora!

Se assim pensei assim o fiz, na paragem seguinte toca de comprar esse néctar dos Deuses que rivitaliza o viajante cansado. E dada a situaçao, nem me queixei quando o café espresso que tanto sonhara era na realidade um balde de água suja vindo duma máquina Néscafé. Fora do autocarro, respiro o ar puro enquanto vou bebericando o café. Findos os minutos de paragem volto a respirar o ar de conserva no autocarro e passo o resto da viagem a apreciar a paisagem, escrever e a ver filmes.

Passadas 23h30 desde a partida no dia anterior eis que chego ao meu destino! Cansado, faminto, facilmente irritado, com corpo e mente dormentes de tao longa jornada, procuro pelo hostel enquanto me vou arrastando preguiçosamente pelas ruas da vila.
Chegado à minha nova casa, faço o ritual do mochileiro após viagem longa: checkin, comprar comida, tomar banho e comer (neste caso jantar).
Findo o ritual dou-me a conhecer aos restantes hóspedes e trocamos uma impressao ou outra acerca das nossas viagens.
Tenho tempo ainda para ler e escrever, saboroso lazer que me ocupa a mente antes de me ir deitar, coisa que faço após uma hora bem passada....

Subo para a cama e adormeço quase instantaneamente. Amanha nao viajo, amanha é tempo de conhecer!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Patagónia e Ushuaia

À falta de inspiraçao aqui vai um monte de fotografias!





Puerto Madryn: Elefantes marinhos, machos chegam a pesar 5 ton!




Puerto Madryn: Pinguin de Magalhaes





Puerto Madryn: Baleia franca austral






El Calafate: Lago Argentino com Montanha desconhecida (para mim)





El Galafate: Prestes a entrar no parque do glaciar






El Calafate: Glaciar Upsala






El Calafate: Eu e o canadiano Sebastien no glaciar Perito Moreno






El Calafate: Glaciar Perito moreno






Terra do fuego: Fronteira...






O fim do Mundo.... Ushuaia






Terra do fogo: Estreito de Magalhaes!






Náufrago..