segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Surf com os Moches

Lima nao foi bom. Quer dizer, nao é que tenha nada de horrível mas nao tem nada de espectacular, nada que me faça andar com a cabeça à roda. É uma capital sem graça, cinzenta, barulhenta e insípida. Já prevenidos contra este tipo de capitais decidimos deslocar-nos para uma cidade costeira mais pequena a norte de Lima: Trujillo.
Na realidade, nem ficámos em Trujillo mas numa vila adjacente que nos premitiu usufruir das potencialidades da regiao sem estarmos condicionados pela confusao de uma cidade. Esta vila potencia duas diversoes importantes: Surf e ruínas pre-columbianas.

Sem qualquer tipo de planeamento no que respeita a alojamento, acabámos por aterrar no "hotel dos taxistas", nome que me ficou na cabeça. Dito desta maneira, parece ser um nome que descreve um hotel manhoso numa qualquer cidade fronteiriça onde contrabandear é acto comum. No entanto este foi simplesmente o nome que eu lhe dei, dado que o seu verdadeiro nome já se perdeu nos confins da minha memória. Chamei-o assim por uma razao: todos os taxistas parecem levar os turistas para este hotel, acto resultante de um provável acordo com o propietário. No final de contas, o hotel era barato, perto da praia e simpático, nao tendo nada em comum com um "hotel de taxistas"!

Huanchaco é o nome da vila e como já disse as distracçoes aqui sao duas: Surf e ruínas pre-columbinas. Nao querendo desviar-nos do turismo ortodoxo foi exactamente isso que fizémos. No primeiro dia lá vou eu vestido com um fato de homem aranha levando uma pesada prancha longboard no cimo da cabeça. Dario, lá se consegue enfiar num fato escuro e aluga uma prancha de bodyboard junto com uns "pes de pato" verdes que o fazem parecer uma tartaruga fora de água. No final, fica o retrato perfeito dos surfistas de banheira dos anos 90. Neste retrato só falta mesmo uns óculos fluorescentes espelhados e os Pearl Jam como banda sonora.
E lá vamos nós! 30 minutos depois estou fora de água esgotado..... 40 minutos depois sai o Dario, esgotado também....
Longboard nao é para mim. Troco de prancha com o Dario e lá faço umas ondas! Assim sim!








Depois de uma cansativa sessao de surf reservamos uns minutinhos (horas) para dormir e acordamos passadas duas horas para visitar as Ruínas de "Chan Chan". Chan Chan para aqui, Chan Chan para ali e acabámos por nao desvendar o mistério da sua localizaçao a tempo de iniciar a visita. As ruínas também nao contribuem para que sejam facilmente encontradas, nao sei exactamente qual a área total do complexo arquológico mas calculo que seja por volta de uns 10 campos de futebol. Tudo nos parecia igual e a deficiente sinalizaçao agravou a nossa capacidade de localizaçao, já por si reduzida pelo cansaço. Bem, lá ficou a chapa justamente quando encontrámos a entrada. Têm de admitir que ficou uma bela foto!




E heis que no dia seguinte acordamos gulosos para entao satisfazer o nosso pesado apetite na padaria da esquina com uns belos ovos mexidos, uns consistentes croissants e uns batidos de morango agigantados. De barriga cheia e moral elevada as tropas (com um novo recruta nas fileiras, a minha prima Carmo) arrancam para as Ruínas. Primeiro "Huaca del Sol", no outro lado de Trujillo. Depois, o mito de Chan Chan.
Nos dois locais há que mencionar a presença dos estilosos caes sem pelo que vagueiam pela zona. Sao feios como tudo mas dao um toque bizarro e cómico impossível de ignorar. Animais à parte, somos surpreendidos pelo bom estado de conservaçao das ruínas. Nao é todos os dias que se vêm restos arqueológicos com mais de 1000 anos neste estado de conservaçao.
Apesar de continuar a pensar que a civilizaçao Inca e as suas antecedentes era de facto atrasada quando comparada com grande parte do Mundo (Europa, Norte de África e Ásia) nao consigo deixar de admitir que o seu isolamento em relaçao às restantes culturas contribuiu para uma herança cultural marcadamente diferente das restantes. É certamente esse exotismo e essa forte individualidade cultural que atrai turistas de todo o Mundo.
Em Huca del sol e em Chan Chan, a civilizaçao Moche no primeiro caso e a civilizaçao Chimú no segundo, surgem majestosas e provam exactamente o meu ponto de vista. Sao de facto únicas.










6 comentários:

  1. Está muito bem! Fico outra vez com inveja. Também queria ver essas ruínas e surfar no Peru. Continuas a marcar pontos.

    O cão é um espectáculo! Se tivesse um, tinha de ser um desses.

    Daqui, acho que deves saber tudo, pois agora tens aí a "tagarela" da minha sister e acesso à internet. Mas pelo sim pelo não: o Benfica ontem ganhou ao AEK Atenas, fechando o grupo da Liga Europa em 1º com 5 vitórias e 1 derrota. Agora que é a eliminar, apanhou o Hertha de Berlim, mas os jogos são só em Fevereiro. O Sporting continua uma trampa.

    Um abraço.

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  2. oi francisco

    a sua foto com o Dario está ÓTIMA!! haahha dei muita risada!!

    estou com inveja (boa) de todos esses passeios que estás a fazer por aí, pá!

    aproveito para te mandar os parabéns de novo.
    minha mãe está mandando beijinhos também!

    curta o dia!

    bjos
    Thais

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  3. Concordo com a Thais. A foto com o Dario está optima. Anos 90 sem tirar nem por.Tb. está famosa a foto dos 3 em frente ao aviso do CC.A tua fez-me lembrar os quadros do Greco, o Dario parece uma figura da mitologia grega e a Carmo, a turista acabada de chegar.Não sei se era a intenção, mas se era, foi conseguida.Quanto ao "atraso" tem muito que se lhe diga, mas não há dúvida que do ponto de vista tecnológico eram atrasados (salvo erro, não conheciam a roda e não me parece que tivessem arados)mas para quem "cresceu sózinho" e isolado do resto do mundo, não se safavam mal.

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  4. PARABÉNS!!!!

    Sei que os teus anos foram ontem, mas por razões técnicas não te consegui enviar uma mensagem. De qualquer modo estive em tua casa a comer do bom e do melhor, e a beber Coca-Cola Zero com o Pedro, o Freddy, Poney, João Miguel e Vasquinho, à tua saúde!!!

    Um abraço!! E continuação de boas viagens!

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  5. Não calculas quanto me tens feito viajar e sonhar ao ler os teus apontamentos de viagem.
    Vês com olhos de quem pede para o que te rodeia e desconheces, se deixe ver, olhar e sentir. Até o seu povo te tem tocado.
    Não deixes de nos escrever. Deixa que a caneta te leve.
    Bravo, Carminho! Também cá estou à espera de ouvir os seus relatos tão VIVOS.
    A tua Avó, como sempre, como á lesma.
    O teu Pai mergulhado em papeís, computador e telefonemas. Tudo na mesma. A tua Mãe, qual formiguilha trabalhadora, corre entre o Banco Alimentar, lições de pintura, hidroginastica, encontros com amigas, ajudas na Paróquia.
    Aguardo os teus relatos. Muitos beijos da Avó Teresa

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  6. Chico! Depois de o ter feito pelo Facebook faço-o por aqui também! Um Excelente Natal por aí!! Não estás completamente sozinho, pois não? Ao menos aí parece não estar tanto frio nem mau tempo, já por cá...lol esses cães são de facto asquerosos, parece hienas rapadas... bah! Mega abraço, tudo de bom!! ;)

    Bernas

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