domingo, 6 de dezembro de 2009

La Paz - Estrada da morte



Vindo de uma viagem de 45 horas e 3 dias, directamente do escaldante Mato Grosso no Brasil, fluía em mim a necessidade urgente de conhecer La Paz. As viagens de longo curso funcionam como um acumulador de energia de tanto tempo parados, so nos apetece explodir! Toda essa energia foi despendida em La Paz durante 2 dias.
Sede de governo Boliviano, esta nao e uma tipica capital Sul Americana dado que carece das óbvias atracçoes comuns entre as restantes capitais. A pobreza reflecte-se em muitos aspectos da cidade, desde os prédios degradados ao comportamento do trânsito na cidade. Bancadas de vendedoras, espalhadas por quase todas as ruas da cidade vao vendendo produtos similares, senao mesmo iguais. A concorrencia aqui é perfeita e os preços ridiculamente baixos sao a prova disso como aliás, na maior parte da Bolívia.





Eu e o recém chegado Dario (Italiano que conheci em Marselha) Passamos o dia batalhando frenéticamente contra o caos da cidade. Saltitando de rua em rua enquanto me esforço por nao respirar a imensa quantidade de gases que paira sobre a cidade, chego ao pólo cultural e turístico da cidade, junto à praca de S.Francisco. Aqui a cidade parece um pouco mais cuidada, muito por culpa das massas turísticas que aqui afluem.

- I need to buy something dude, a backpack, mine is totally destroyed, it only costed 5€ in Buenos Aires... - Digo eu

Damos início a nossa demanda pela tao essencial mochila de mao, boa desculpa para visitar o bairro! Depois de uns quantos infrutíferos regateios lá compro uma Jansport por 30€, uma boa compra penso eu. Passam pouco mais de 40 minutos nesta operaçao e eis que passamos em frente a uma das muitas lojas de instrumentos musicais semeadas pelo bairro - Estou e precisar de uma companheira, uma que me de música - penso eu.
Entro na acanhada loja e enquanto Dario vai exprimentando os charangos e os tambores eu experimento as guitarras até ao momento em que os meus dedos tocam uma de preco económico. É esta!!! Som redondo, agudos claros e bem bonita... Já está!
E lá continuamos, provamos folhas de coca, estranhamos os Lamas secos encolhidos e rimos sempre que uma carrinha passa por nós enquanto um vendedor no seu interior guincha o seu destino.
É cedo mas estou cansado. Amanha é dia de ciclismo, há que estar preparado!








A primeira vez que vi imagens da "estrada da morte" até Coroico foi através dum mail que o meu Pai me mandou uns anos atrás. Perplexo, vi as imagens da dita estrada enquanto ainda nao existia uma alternativa mais segura. É estreita, rápida, construida sobre precipícios de 400m de altura, sem segurança alguma. Se for vontade do condutor é muito, muito perigosa. Mesmo assim, desde que a nova estrada esta construida o numero de mortes por ano está limitado a umas 2 ou 3 pessoas.
Quando me apercebi que era possivel percorre-la de bicicleta, a minha reacçao foi: "Já foste! Estou la batido de certeza!" Apesar do crescente carácter turístico desta estrada, como aficcionado nao podia deixar passar ao lado esta oportunidade.







E lá vamos nos! Um início em alcatrao deixou muito a desejar mas mal chegamos a zona perigosa, estreita e em terra batida, comeca a diversao! Farto das continuas travagens, decido ultrapassar todos até a posicao número um do pelotao. Esquerda, direita, uma derrapagem num gancho perigoso (onde morreu um ingles no ano passado) e la estou eu a frente! Assim a descida tem mais piada.
É tempo de almoço. comemos umas sandwitches, bebemos umas coca-colinhas bem fresquinhas e continuamos, agora numa zona menos propicia a acidentes de consequencias graves. Furo um pneu! Chatice! troco de bicicleta com o guia e lá continuo a ultrapassar o pelotao, agora com uma bicicleta sem suspensao traseira mas na minha opiniao, bem melhor, isto apesar de ter rebentado com o travao da frente logo no início.
Chegamos finalmente a Coroico, cansados e ansiosos pela bela piscina que nos esperava. Espectáculo!
Depois de carregar energias no Hotel, voltamos para La Paz de carro enquanto escutamos as muitas historias da estrada da morte que o nosso guia Marcelo tem para contar. Histórias essas que nao duram muito tempo pois passadas 3 paragens e 3 garrafas de Cuba libre, tanto o guia como metade da carrinha estao bebedos. Vamos cantando cançoes dos Beatles, Oasis, Gipsy Kings.... As 3 horas passaram rápido. Chegamos finalmente a La paz. O dia termina após um salto ao bar do nosso hostel...

7 comentários:

  1. Manuel Afonso Carvalho Neto6 de dezembro de 2009 às 21:57

    Estrada de la muerte" por supuesto, carago. Realmente agora ao fim do dia 1 de Dezembro, feriado aqui por Lisboa, decidi abrir o computador e visualizar as tuas aventuras. Após as linhas que ias descrevendo, veio-me logo á lembrança o velho Tintin pela América do Sul. Outras histórias. Já te estou a ver a bailar por essas descidas e a tua Mãe a amparar as bochechas e dizendo : Ò João, mas ele é doido, enfim sorrio-me para dentro ao imaginar a dita cena.
    Por aqui continua tudo na mm, o Benfica lá empatou em Alvalade e o meu Blogue parou um pouco. Talvez dentro de dias escreva lá algo. Aquele abraço do TMA

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  2. oi francisco,
    aqui é cíntia, mãe da thaís.
    tenho seguido vc por todos os lugares e adorado seus relatos. o dario dividiu com vc um pouco dos biscoitos que eu dei a ele?
    vc diria que a bolívia é o país mais carente de recursos que vc visitou até agora? essa é a impressão que eu tenho desse país.
    beijos,
    cíntia

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  3. LORD SUBMISSO disse...
    Excelente descrição man! E não te escapa nenhuma! Aqui há uns tempos atrás quando entraste na Bolívia, pensei logo na estrada da morte e perguntei-me se irias experimentá-la de bina. Meu dito meu feito! Realmente nós, os membros da Homem Rijo's Cup, estamos em sintonia.

    A última informação que tenho de ti é que estás/estavas em Machu Pichu (1 de Dezembro). Calculo que estejas a gostar, isso deve ser bonitinho e preparado para o turista. A caminho, entre a Bolívia e o Peru, passaste também no Titicaca, ouvi dizer. Deve ser um sítio curioso com as tais ilhas flutuantes.

    Aproveita bem o Peru. Outra coisa que dizem-me ser engraçado é apanhar uma avioneta para ver as Linhas de Nazca. Mas não é tanto as linhas que valem a pena ser vistas, mas antes os turistas mega-enjoados na avioneta que voa aos círculos e toda inclinada. Vais nessa?

    No Peru há ainda três coisas a fazer que ficavam bem no teu currículo:

    1. chamares "inca" a toda a gente e referires-te sempre a "incas" e não peruanos aqui no blog. Afinal, estás no reino de Rascar Capac! (Pizarro e Cortez - descendentes não são para aqui chamados)

    2. Ires fazer uma sessão de bodyboard em Entrada Pucusana, Chilca, a Sul de Lima. Este ano foi lá que se realizou o Peruvian Inka Challange da IBA World Tour (o Centeno chegou aos quartos-de-final).

    3. Tens mesmo de dar uma estalada na cara de uma lama, mesmo à Capitão Haddock!!! Se levares com o cuspo e fizeres um vídeo para mostrar à malta, ganhas pontos-extra.

    Por aqui tudo bem. Nada a assinalar.

    Um abraço!

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  4. Tere disse...
    O que me chamou mais a atenção foi "provamos folhas de coca"! Grandes aventureiros, grandes aventuras! Desejos de continuação de óptima estadia e sonho de vida! Grande beijinho, Txikito! Tás cumas fotogs que faxaboree, só me apetece fazer malas e voar até aí!

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  5. Mae disse...
    As fotos e as descrições está como sempre o máximo. Melhor que isso ... só mesmo tu ... a foto com os lamas secos está um espanto.
    A Carmo sempre vai dia 6. Chega a Lima. Não te atrases e está no aeroporto a horas. Beijocas

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  6. Olá Francisco!
    Nem imagino o que é uma viagem de 3 dias..
    Gosto da forma como descreves as tuas feitas.
    A estrada da morte.. medo... mas tinha que ser a Rijo's Cup deve estar orgulhosa :)
    Um abraço forte!

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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