O Equador é a linha imaginária que divide o planeta Terra em dois hemisférios, Norte e Sul. Divide igualmente as estaçoes do ano, sendo que num hemisfério é Verao enquanto que no outro é Inverno. Neste momento, a Norte há menos luz enquanto que a Sul o sol inunda a terra com o seu doçe beijar.
É também uma linha matemática cuja exemplar precisao guia barcos e navios através de complicadas cartas geográficas, é por isso uma constante presenca na vida dos pilotos e navegadores. Mesmo no nosso conforto citadino ela está lá, nem que seja no visor do GPS que comprámos para nao nos perdermos nas "complicadas" estradas que se dirigem para o nosso monte no Alentejo. É indispensável.
Contudo, apesar de todas as movimentaçoes, deslocaçoes e alteraçoes que passam por esta linha, aqui tudo permanece imutável como que provando uma imunidade à Mae Natureza. Numa teimosia inalterável, nesta linha imaginária o clima pouco altera e Noite e Dia sao gémeos com as mesma duraçao: 12 horas, tais como os 12 meses, os 12 apóstolos, os 12 signos do zodíaco, os 12 trabalhos de Hércules. Numa harmonia e equilíbrio perfeitos, ela está lá.
Mas o Equador também é um país, "Républica do Ecuador" oficialmente. A sua capital é Quito, eu estive em Quito e Quito tem o seu charme.
Seria de esperar que para uma cidade de 2 milhoes habitantes incrustada na cordilheira andina, estes carregariam uma postura menos simpática quando comparada com cidades mais pequenas. Essa seria a análise descuidada que a maioria das pessoas faria. Nao ha que censurá-las pois é o caso de grande parte das cidades de grandes dimensoes e nao fossemos nós estar a falar duma cidade da América do Sul eu até concordaria. No entanto, os quitenses (se é que se podem chamar assim) foram uma agradável surpresa com a sua afável simpatia. Sao prestáveis sem serem submissos, alegres sem serem parvos, curiosos sem serem chatos. No fundo facilitam-nos a vida com o seu positivismo.
Mas a cidade nao é so as pessoas mas também o que elas construiram e ainda constroem: Sao igrejas carregadas de dourados momentos históricos, sao os vizinhos Andes, é um café com uma vista soberba, sao divertidos autocarros eléctricos e uma basílica onde facilmente se passam 2 horas vagueando pelas suas altas torres. Enfim, um parque de diversoes em plena capital. Nao é dificil passar o dia em Quito, as distraccoes aqui sao inúmeras. Sinto que nao usei nem metade do seu potencial e por isso, mais uma vez sinto que devo voltar.
Por último surge o Equador, essa teimosa linha imaginária... Nao sei como descrever a sensacao de passar de um lado para o outro. Ao inicio nao parece carregar qualquer tipo de sentimento ou emoçao mas passados uns breves instantes damo-nos conta: "Passei a metade do Mundo!!!"
sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Surf com os Moches
Lima nao foi bom. Quer dizer, nao é que tenha nada de horrível mas nao tem nada de espectacular, nada que me faça andar com a cabeça à roda. É uma capital sem graça, cinzenta, barulhenta e insípida. Já prevenidos contra este tipo de capitais decidimos deslocar-nos para uma cidade costeira mais pequena a norte de Lima: Trujillo.
Na realidade, nem ficámos em Trujillo mas numa vila adjacente que nos premitiu usufruir das potencialidades da regiao sem estarmos condicionados pela confusao de uma cidade. Esta vila potencia duas diversoes importantes: Surf e ruínas pre-columbianas.
Sem qualquer tipo de planeamento no que respeita a alojamento, acabámos por aterrar no "hotel dos taxistas", nome que me ficou na cabeça. Dito desta maneira, parece ser um nome que descreve um hotel manhoso numa qualquer cidade fronteiriça onde contrabandear é acto comum. No entanto este foi simplesmente o nome que eu lhe dei, dado que o seu verdadeiro nome já se perdeu nos confins da minha memória. Chamei-o assim por uma razao: todos os taxistas parecem levar os turistas para este hotel, acto resultante de um provável acordo com o propietário. No final de contas, o hotel era barato, perto da praia e simpático, nao tendo nada em comum com um "hotel de taxistas"!
Huanchaco é o nome da vila e como já disse as distracçoes aqui sao duas: Surf e ruínas pre-columbinas. Nao querendo desviar-nos do turismo ortodoxo foi exactamente isso que fizémos. No primeiro dia lá vou eu vestido com um fato de homem aranha levando uma pesada prancha longboard no cimo da cabeça. Dario, lá se consegue enfiar num fato escuro e aluga uma prancha de bodyboard junto com uns "pes de pato" verdes que o fazem parecer uma tartaruga fora de água. No final, fica o retrato perfeito dos surfistas de banheira dos anos 90. Neste retrato só falta mesmo uns óculos fluorescentes espelhados e os Pearl Jam como banda sonora.
E lá vamos nós! 30 minutos depois estou fora de água esgotado..... 40 minutos depois sai o Dario, esgotado também....
Longboard nao é para mim. Troco de prancha com o Dario e lá faço umas ondas! Assim sim!
Depois de uma cansativa sessao de surf reservamos uns minutinhos (horas) para dormir e acordamos passadas duas horas para visitar as Ruínas de "Chan Chan". Chan Chan para aqui, Chan Chan para ali e acabámos por nao desvendar o mistério da sua localizaçao a tempo de iniciar a visita. As ruínas também nao contribuem para que sejam facilmente encontradas, nao sei exactamente qual a área total do complexo arquológico mas calculo que seja por volta de uns 10 campos de futebol. Tudo nos parecia igual e a deficiente sinalizaçao agravou a nossa capacidade de localizaçao, já por si reduzida pelo cansaço. Bem, lá ficou a chapa justamente quando encontrámos a entrada. Têm de admitir que ficou uma bela foto!
E heis que no dia seguinte acordamos gulosos para entao satisfazer o nosso pesado apetite na padaria da esquina com uns belos ovos mexidos, uns consistentes croissants e uns batidos de morango agigantados. De barriga cheia e moral elevada as tropas (com um novo recruta nas fileiras, a minha prima Carmo) arrancam para as Ruínas. Primeiro "Huaca del Sol", no outro lado de Trujillo. Depois, o mito de Chan Chan.
Nos dois locais há que mencionar a presença dos estilosos caes sem pelo que vagueiam pela zona. Sao feios como tudo mas dao um toque bizarro e cómico impossível de ignorar. Animais à parte, somos surpreendidos pelo bom estado de conservaçao das ruínas. Nao é todos os dias que se vêm restos arqueológicos com mais de 1000 anos neste estado de conservaçao.
Apesar de continuar a pensar que a civilizaçao Inca e as suas antecedentes era de facto atrasada quando comparada com grande parte do Mundo (Europa, Norte de África e Ásia) nao consigo deixar de admitir que o seu isolamento em relaçao às restantes culturas contribuiu para uma herança cultural marcadamente diferente das restantes. É certamente esse exotismo e essa forte individualidade cultural que atrai turistas de todo o Mundo.
Em Huca del sol e em Chan Chan, a civilizaçao Moche no primeiro caso e a civilizaçao Chimú no segundo, surgem majestosas e provam exactamente o meu ponto de vista. Sao de facto únicas.
Na realidade, nem ficámos em Trujillo mas numa vila adjacente que nos premitiu usufruir das potencialidades da regiao sem estarmos condicionados pela confusao de uma cidade. Esta vila potencia duas diversoes importantes: Surf e ruínas pre-columbianas.
Sem qualquer tipo de planeamento no que respeita a alojamento, acabámos por aterrar no "hotel dos taxistas", nome que me ficou na cabeça. Dito desta maneira, parece ser um nome que descreve um hotel manhoso numa qualquer cidade fronteiriça onde contrabandear é acto comum. No entanto este foi simplesmente o nome que eu lhe dei, dado que o seu verdadeiro nome já se perdeu nos confins da minha memória. Chamei-o assim por uma razao: todos os taxistas parecem levar os turistas para este hotel, acto resultante de um provável acordo com o propietário. No final de contas, o hotel era barato, perto da praia e simpático, nao tendo nada em comum com um "hotel de taxistas"!
Huanchaco é o nome da vila e como já disse as distracçoes aqui sao duas: Surf e ruínas pre-columbinas. Nao querendo desviar-nos do turismo ortodoxo foi exactamente isso que fizémos. No primeiro dia lá vou eu vestido com um fato de homem aranha levando uma pesada prancha longboard no cimo da cabeça. Dario, lá se consegue enfiar num fato escuro e aluga uma prancha de bodyboard junto com uns "pes de pato" verdes que o fazem parecer uma tartaruga fora de água. No final, fica o retrato perfeito dos surfistas de banheira dos anos 90. Neste retrato só falta mesmo uns óculos fluorescentes espelhados e os Pearl Jam como banda sonora.
E lá vamos nós! 30 minutos depois estou fora de água esgotado..... 40 minutos depois sai o Dario, esgotado também....
Longboard nao é para mim. Troco de prancha com o Dario e lá faço umas ondas! Assim sim!
Depois de uma cansativa sessao de surf reservamos uns minutinhos (horas) para dormir e acordamos passadas duas horas para visitar as Ruínas de "Chan Chan". Chan Chan para aqui, Chan Chan para ali e acabámos por nao desvendar o mistério da sua localizaçao a tempo de iniciar a visita. As ruínas também nao contribuem para que sejam facilmente encontradas, nao sei exactamente qual a área total do complexo arquológico mas calculo que seja por volta de uns 10 campos de futebol. Tudo nos parecia igual e a deficiente sinalizaçao agravou a nossa capacidade de localizaçao, já por si reduzida pelo cansaço. Bem, lá ficou a chapa justamente quando encontrámos a entrada. Têm de admitir que ficou uma bela foto!
E heis que no dia seguinte acordamos gulosos para entao satisfazer o nosso pesado apetite na padaria da esquina com uns belos ovos mexidos, uns consistentes croissants e uns batidos de morango agigantados. De barriga cheia e moral elevada as tropas (com um novo recruta nas fileiras, a minha prima Carmo) arrancam para as Ruínas. Primeiro "Huaca del Sol", no outro lado de Trujillo. Depois, o mito de Chan Chan.
Nos dois locais há que mencionar a presença dos estilosos caes sem pelo que vagueiam pela zona. Sao feios como tudo mas dao um toque bizarro e cómico impossível de ignorar. Animais à parte, somos surpreendidos pelo bom estado de conservaçao das ruínas. Nao é todos os dias que se vêm restos arqueológicos com mais de 1000 anos neste estado de conservaçao.
Apesar de continuar a pensar que a civilizaçao Inca e as suas antecedentes era de facto atrasada quando comparada com grande parte do Mundo (Europa, Norte de África e Ásia) nao consigo deixar de admitir que o seu isolamento em relaçao às restantes culturas contribuiu para uma herança cultural marcadamente diferente das restantes. É certamente esse exotismo e essa forte individualidade cultural que atrai turistas de todo o Mundo.
Em Huca del sol e em Chan Chan, a civilizaçao Moche no primeiro caso e a civilizaçao Chimú no segundo, surgem majestosas e provam exactamente o meu ponto de vista. Sao de facto únicas.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Machu Pichu
Machu Pichu... Sao 5h30 da manha, Dario e eu entramos calmamente para o autocarro que nos leva lá acima. É lá em cima que se encontra a cidadela mais popular que os Incas nos deixaram como heranca. Francisco Pizarro e a sua horda de conquistadores nunca souberam da sua existëncia e os Quechuas deixaram-na deserta quando se mudaram para outra cidade Inca durante as épocas das conquistas.
Está intacta, perfeita para o turista e com todas as mordomias que rodeiam todos os circos turísticos existentes hoje em dia. Obviamente tudo tem o seu preco. Neste caso existem dois precos. Um é o monetário e o outro é o numero de turistas que povoa as ruínas. Estamos a falar de 150 euros para dois dias e cerca de 2.500 turistas por dia.
Por essa razao lá estamos nós as 5h30 da manha a espera do autocarro. Diz-se por aí que se queremos evitar as legioes turisticas há que levantar cedo, neste caso nem cedo foi: as 4h30 da manha existe o consenso Universal que qualquer interrupcao de sono leva a consequencias nefastas para a nossa saude. Foi por uma boa causa penso eu.
Depois de uma subida até aos 2.800m de altitude saio calmamente do autocarro ao mesmo tempo que a minha mente já está lá. Lá no Machu Pichu... Imaginem um comboio a sair dum tunel longo, foram assim os meus ultimos minutos na fila de entrada, a luz ao fundo do túnel, lenta e brilhante lá se ia aproximando. Subitamente, tamanha beleza! Nunca na vida tinha visto nada assim.
Nem vale a pena tentar descrever por palavras aquilo que nao pode ser discrito, somente presenciado. Passámos 4h nas ruínas e mais duas na montanha Wainapichu e se nao fosse o comboio a tarde certamente teria utilizado todas as minhas horas neste local. Numa só palavra: é mágico.
Vou voltar...
Está intacta, perfeita para o turista e com todas as mordomias que rodeiam todos os circos turísticos existentes hoje em dia. Obviamente tudo tem o seu preco. Neste caso existem dois precos. Um é o monetário e o outro é o numero de turistas que povoa as ruínas. Estamos a falar de 150 euros para dois dias e cerca de 2.500 turistas por dia.
Por essa razao lá estamos nós as 5h30 da manha a espera do autocarro. Diz-se por aí que se queremos evitar as legioes turisticas há que levantar cedo, neste caso nem cedo foi: as 4h30 da manha existe o consenso Universal que qualquer interrupcao de sono leva a consequencias nefastas para a nossa saude. Foi por uma boa causa penso eu.
Depois de uma subida até aos 2.800m de altitude saio calmamente do autocarro ao mesmo tempo que a minha mente já está lá. Lá no Machu Pichu... Imaginem um comboio a sair dum tunel longo, foram assim os meus ultimos minutos na fila de entrada, a luz ao fundo do túnel, lenta e brilhante lá se ia aproximando. Subitamente, tamanha beleza! Nunca na vida tinha visto nada assim.
Nem vale a pena tentar descrever por palavras aquilo que nao pode ser discrito, somente presenciado. Passámos 4h nas ruínas e mais duas na montanha Wainapichu e se nao fosse o comboio a tarde certamente teria utilizado todas as minhas horas neste local. Numa só palavra: é mágico.
Vou voltar...
domingo, 6 de dezembro de 2009
La Paz - Estrada da morte
Vindo de uma viagem de 45 horas e 3 dias, directamente do escaldante Mato Grosso no Brasil, fluía em mim a necessidade urgente de conhecer La Paz. As viagens de longo curso funcionam como um acumulador de energia de tanto tempo parados, so nos apetece explodir! Toda essa energia foi despendida em La Paz durante 2 dias.
Sede de governo Boliviano, esta nao e uma tipica capital Sul Americana dado que carece das óbvias atracçoes comuns entre as restantes capitais. A pobreza reflecte-se em muitos aspectos da cidade, desde os prédios degradados ao comportamento do trânsito na cidade. Bancadas de vendedoras, espalhadas por quase todas as ruas da cidade vao vendendo produtos similares, senao mesmo iguais. A concorrencia aqui é perfeita e os preços ridiculamente baixos sao a prova disso como aliás, na maior parte da Bolívia.
Eu e o recém chegado Dario (Italiano que conheci em Marselha) Passamos o dia batalhando frenéticamente contra o caos da cidade. Saltitando de rua em rua enquanto me esforço por nao respirar a imensa quantidade de gases que paira sobre a cidade, chego ao pólo cultural e turístico da cidade, junto à praca de S.Francisco. Aqui a cidade parece um pouco mais cuidada, muito por culpa das massas turísticas que aqui afluem.
- I need to buy something dude, a backpack, mine is totally destroyed, it only costed 5€ in Buenos Aires... - Digo eu
Damos início a nossa demanda pela tao essencial mochila de mao, boa desculpa para visitar o bairro! Depois de uns quantos infrutíferos regateios lá compro uma Jansport por 30€, uma boa compra penso eu. Passam pouco mais de 40 minutos nesta operaçao e eis que passamos em frente a uma das muitas lojas de instrumentos musicais semeadas pelo bairro - Estou e precisar de uma companheira, uma que me de música - penso eu.
Entro na acanhada loja e enquanto Dario vai exprimentando os charangos e os tambores eu experimento as guitarras até ao momento em que os meus dedos tocam uma de preco económico. É esta!!! Som redondo, agudos claros e bem bonita... Já está!
E lá continuamos, provamos folhas de coca, estranhamos os Lamas secos encolhidos e rimos sempre que uma carrinha passa por nós enquanto um vendedor no seu interior guincha o seu destino.
É cedo mas estou cansado. Amanha é dia de ciclismo, há que estar preparado!
A primeira vez que vi imagens da "estrada da morte" até Coroico foi através dum mail que o meu Pai me mandou uns anos atrás. Perplexo, vi as imagens da dita estrada enquanto ainda nao existia uma alternativa mais segura. É estreita, rápida, construida sobre precipícios de 400m de altura, sem segurança alguma. Se for vontade do condutor é muito, muito perigosa. Mesmo assim, desde que a nova estrada esta construida o numero de mortes por ano está limitado a umas 2 ou 3 pessoas.
Quando me apercebi que era possivel percorre-la de bicicleta, a minha reacçao foi: "Já foste! Estou la batido de certeza!" Apesar do crescente carácter turístico desta estrada, como aficcionado nao podia deixar passar ao lado esta oportunidade.
E lá vamos nos! Um início em alcatrao deixou muito a desejar mas mal chegamos a zona perigosa, estreita e em terra batida, comeca a diversao! Farto das continuas travagens, decido ultrapassar todos até a posicao número um do pelotao. Esquerda, direita, uma derrapagem num gancho perigoso (onde morreu um ingles no ano passado) e la estou eu a frente! Assim a descida tem mais piada.
É tempo de almoço. comemos umas sandwitches, bebemos umas coca-colinhas bem fresquinhas e continuamos, agora numa zona menos propicia a acidentes de consequencias graves. Furo um pneu! Chatice! troco de bicicleta com o guia e lá continuo a ultrapassar o pelotao, agora com uma bicicleta sem suspensao traseira mas na minha opiniao, bem melhor, isto apesar de ter rebentado com o travao da frente logo no início.
Chegamos finalmente a Coroico, cansados e ansiosos pela bela piscina que nos esperava. Espectáculo!
Depois de carregar energias no Hotel, voltamos para La Paz de carro enquanto escutamos as muitas historias da estrada da morte que o nosso guia Marcelo tem para contar. Histórias essas que nao duram muito tempo pois passadas 3 paragens e 3 garrafas de Cuba libre, tanto o guia como metade da carrinha estao bebedos. Vamos cantando cançoes dos Beatles, Oasis, Gipsy Kings.... As 3 horas passaram rápido. Chegamos finalmente a La paz. O dia termina após um salto ao bar do nosso hostel...
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Viagem S.Pedro de Atacama a Uyuni
Receoso que esta excursão fosse um fiasco tal como outras que tenho feito, acabei por pagar relutantemente os 65.000 pesos chilenos na agência de turismo em S.Pedro de Atacama. No dia seguinte, lá estava eu à porta da agência para iniciar esta viagem que se revelou uma agradável surpresa. Foram 3 dias vividos entre as mais belas paisagens que alguma vez vi. Assim, não vale a pena desperdiçar muitas palavras pois as fotografias falam por si.
Com alguns dias de atraso aqui vai uma breve discrição, acompanhada de respectivas fotos, da excursão de 3 dias que me levou de S.Pedro de Atacama no Chile até Uyuni na Bolívia.
O primeiro dia começou com os habituais procedimentos burocráticos de regularização de passaportes na fronteira dos dois países. A única diferença destes "habituais" procedimentos burocráticos era o facto de estes terem lugar a 4.000m de altitude. Por este motivo, assim que saí do carro, senti de imediato um frio gelado no corpo inteiro pois não vinha preparado para tal adversidade e um vento impiedoso que não deixava escutar o silêncio complicava ainda mais as coisas. A cereja em cima do bolo foi colocada pela notória dificuldade em respirar, sensação constante ao longo da viagem.
Terminados todos estes procedimentos troco de veículo. Agora estou num 4x4. É neste momento em que conheço os meus companheiros de viagem: Dean (inglês), Diana (alemã), e Jean (Brasileiro). Cada um com as suas manhas e manias, acabamos por formar um grupo bastante divertido que ajudou a passar da melhor forma as longas horas de viagem.
Saídos da fronteira, passamos por várias lagoas de alta altitude das quais se destaca a "laguna colorada" - versão portuguesa, lagoa colorida - onde uma colónia de flamingos prospera. Notórios também, foram os geysers "sol de la mañana", os mais altos do mundo, a cerca de 5.000m de altitude.
No final do dia, uma aguda dor de cabeça provava o enjoo de altitude, sentia o cérebro a latejar, pouco agradável! Tomo um chá de coca e vou para a cama cansado
................................Geysers "Sol de la mañana"...........................
.....................................Laguna colorada.................................
.....................................Laguna Colorada................................
No segundo dia acordo um pouco melhor do enjoo de altitude mas ainda um pouco abalado, por isso mesmo, venham mais folhas de coca! Partimos fora de hora já que, bem ao estilo boliviano, estamos todos atrasados.
A primeira paragem fica no deserto de Dalí, nome herdado do pintor surrealista exactamente porque a paisagem marcadamente ao estilo lunar faz lembrar muitas das suas obras. Aqui, encontramos um conjunto rochoso de onde se destaca a árvore de Pedra, uma rocha com cerca de 5m de altura que lembra uma árvore.
A segunda paragem realiza-se na Lagoa Honda, o que não deixa de ser irónico já que todos os jipes que por aqui passam são marca Toyota. Lá tiro mais umas fotos de flamingos e volto para o quentinho que se sente no carro.
Paramos mais umas quantas vezes para ver mais lagoas e flamingos até que chegamos ao sopé de um vulcão activo, o vulcão Ollague. Mais umas chapas e volto para o carro.
Depois de muitas horas no carro, muitas fotografias e algumas dores de cabeça, chegamos ao nosso albergue, um hotel feito quase inteiramente de sal, coisa com piada e com criatividade, comenta Jean, publicitário em S.Paulo.
.....................................Deserto de Dali.................................
.....................................Deserto de Dali.................................
....................................Árvore de Pedra..................................
.....................................Deserto de Dali.................................
Terceiro e último dia. Aqui, o que mais se destaca é o gigante salar de Uyuni que, segundo me lembro, cobre uma área de 12.000km2. Impressionante! Igualmente impressionante, se bem que um pouco fora de lugar tendo em conta que é único no deserto de sal, é a ilha de cactos que encontramos no meio do nada. Parece mesmo um oásis pois o branco ofuscante do sal contrastando com o escuro da ilha dá esse efeito. Não há mais nada nas redondezas!
Mais à frente, já perto do final do dia encontro um trabalhador na mina de sal, totalmente coberto da cabeça aos pés. Curioso, informo-me que ganha cerca de 1 euro por dia...E eu aqui a "desbundar" pela América do Sul!
Chegamos a Uyuni cedo, cerca das 14h30 e após uma breve troca de impressões, eu, Dean, Diana e Tanja (croata que vinha noutro carro) compramos bilhete para Potosí, a cidade mais alta do Mundo, a 4.100m de altitude.
.....................................Ilha dos cactos.................................
....................................Uyuni: Mina de Sal...............................
.........Uyuni: durante uns tempos este foi o nosso veiculo.........
..................................O grupo na sua totalidade.........................
Com alguns dias de atraso aqui vai uma breve discrição, acompanhada de respectivas fotos, da excursão de 3 dias que me levou de S.Pedro de Atacama no Chile até Uyuni na Bolívia.
O primeiro dia começou com os habituais procedimentos burocráticos de regularização de passaportes na fronteira dos dois países. A única diferença destes "habituais" procedimentos burocráticos era o facto de estes terem lugar a 4.000m de altitude. Por este motivo, assim que saí do carro, senti de imediato um frio gelado no corpo inteiro pois não vinha preparado para tal adversidade e um vento impiedoso que não deixava escutar o silêncio complicava ainda mais as coisas. A cereja em cima do bolo foi colocada pela notória dificuldade em respirar, sensação constante ao longo da viagem.
Terminados todos estes procedimentos troco de veículo. Agora estou num 4x4. É neste momento em que conheço os meus companheiros de viagem: Dean (inglês), Diana (alemã), e Jean (Brasileiro). Cada um com as suas manhas e manias, acabamos por formar um grupo bastante divertido que ajudou a passar da melhor forma as longas horas de viagem.
Saídos da fronteira, passamos por várias lagoas de alta altitude das quais se destaca a "laguna colorada" - versão portuguesa, lagoa colorida - onde uma colónia de flamingos prospera. Notórios também, foram os geysers "sol de la mañana", os mais altos do mundo, a cerca de 5.000m de altitude.
No final do dia, uma aguda dor de cabeça provava o enjoo de altitude, sentia o cérebro a latejar, pouco agradável! Tomo um chá de coca e vou para a cama cansado
................................Geysers "Sol de la mañana"...........................
.....................................Laguna colorada.................................
.....................................Laguna Colorada................................
No segundo dia acordo um pouco melhor do enjoo de altitude mas ainda um pouco abalado, por isso mesmo, venham mais folhas de coca! Partimos fora de hora já que, bem ao estilo boliviano, estamos todos atrasados.
A primeira paragem fica no deserto de Dalí, nome herdado do pintor surrealista exactamente porque a paisagem marcadamente ao estilo lunar faz lembrar muitas das suas obras. Aqui, encontramos um conjunto rochoso de onde se destaca a árvore de Pedra, uma rocha com cerca de 5m de altura que lembra uma árvore.
A segunda paragem realiza-se na Lagoa Honda, o que não deixa de ser irónico já que todos os jipes que por aqui passam são marca Toyota. Lá tiro mais umas fotos de flamingos e volto para o quentinho que se sente no carro.
Paramos mais umas quantas vezes para ver mais lagoas e flamingos até que chegamos ao sopé de um vulcão activo, o vulcão Ollague. Mais umas chapas e volto para o carro.
Depois de muitas horas no carro, muitas fotografias e algumas dores de cabeça, chegamos ao nosso albergue, um hotel feito quase inteiramente de sal, coisa com piada e com criatividade, comenta Jean, publicitário em S.Paulo.
.....................................Deserto de Dali.................................
.....................................Deserto de Dali.................................
....................................Árvore de Pedra..................................
.....................................Deserto de Dali.................................
Terceiro e último dia. Aqui, o que mais se destaca é o gigante salar de Uyuni que, segundo me lembro, cobre uma área de 12.000km2. Impressionante! Igualmente impressionante, se bem que um pouco fora de lugar tendo em conta que é único no deserto de sal, é a ilha de cactos que encontramos no meio do nada. Parece mesmo um oásis pois o branco ofuscante do sal contrastando com o escuro da ilha dá esse efeito. Não há mais nada nas redondezas!
Mais à frente, já perto do final do dia encontro um trabalhador na mina de sal, totalmente coberto da cabeça aos pés. Curioso, informo-me que ganha cerca de 1 euro por dia...E eu aqui a "desbundar" pela América do Sul!
Chegamos a Uyuni cedo, cerca das 14h30 e após uma breve troca de impressões, eu, Dean, Diana e Tanja (croata que vinha noutro carro) compramos bilhete para Potosí, a cidade mais alta do Mundo, a 4.100m de altitude.
.....................................Ilha dos cactos.................................
....................................Uyuni: Mina de Sal...............................
.........Uyuni: durante uns tempos este foi o nosso veiculo.........
..................................O grupo na sua totalidade.........................
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Bolívia
Populaçao: 9,6m
Área: 1 098 581 km2
Linguas oficiais: Espanhol, Quéchua e Aimará
Religiao: 98% católicos
Moeda: Boliviano
PIB per capita: US$1.737 (125º)
Capital Constitucional: Sucre
Sede de Governo: La Paz
Presidente: Evo Morales
Ainda só cá estou há uma semana mas já deu para ter uma ideia do que é a Bolívia e como funciona. Repito, é apenas uma ideia e é esse pequeno esboço que vou tentar apresentar. Um traço ali, uma cor aqui e desenho este país ainda desconhecido para a maioria dos Europeus.
Sem costa marítima, a Bolívia pode ser dividida em duas partes. A Este temos a floresta tropical grandemente ocupada pela Amazónia. A Oeste, a floresta dá lugar aos majestosos Andes, cujos picos chegam a ultrapassar os 6.500 metros de altura. Em ambos os casos o Sul do País é um pouco mais seco.
Assim, nao é de admirar que as deslocaçoes sejam morosas, Os velhos autocarros Mercedes pouco podem fazer face à geografia do país, sobretudo na estaçao das chuvas. Seja a subir montanhas, a curvar e contracurvar ou chocalhar em estradas de terra batida, as velocidades médias sao frustrantes e todo o conforto que já está limitado pelos própios veículos piora ainda mais. Tudo isto faz parte de viajar e experimentar, nao tenho outra opçao senao sujeitar-me aos rigores dos deslocamentos. Nao fico muito chateado, sempre me da um cheirinho de Moçambique!
Quanto aos Bolivianos propiamente ditos, revelam-se muito diferentes dos congéneres sul americanos que entretanto já visitei. Ao contrário dos Argentinos, Brasileiros e Chilenos sao mais tímidos e reservados. Se as suas feiçoes sao duras, a sua personalidade aparenta ser suave e nao querer mal a ninguem.
Existem dois grupos étnicos distintos na Bolivia . O primeiro, composto essencialmente por indigenas, representa a parte mais pobre do país (cerca de 70% da populaçao). O outro grupo é representado pelos mais ricos "meztizos", cujas feiçoes sao suavizadas pelas suas ascendencias Europeias. Como esperado, existe um fosso económico-social grande entre estes dois grupos, entre o tradicional pitoresco e o moderno rico mas insípido.
Curiosamente, enquanto os indios (indegenas se quiserem) nos presenteiam com ricos e coloridos trajes tradicionais dos Andes, os ricos "meztizos" apresentam "pobres" vestimentas europeias.
Passeio pelas ruas da cidade e vou observando como se faz a vida. Deparo-me imediatamente com um desfile magnífico das escolas da cidade. Só amanha é que a Bolívia celebra o seu dia nacional mas nao importa, temos de festejar a véspera! Eles, vestidos a rigor de fato, gravata e chapéu vao tocando tambores e cornetins enquanto elas, vestidas também a rigor mas com umas desenquadradas mini saias, vao desfilando e atirando bastoes de desfile pelo ar. E assim se passa uma manha inteira, cerca de 20 escolas, copiando-se umas às outras servem de aperitivo para a cidade, amanha vem o Presidente! Evo Morales chega amanha!
Continuo, as "calles" sao sempre enfeitadas com vendedores de todo o tipo. Amendoins, águas, aparelhos electrónicos, jornais, chapéus, panos dos Andes, folhas de coca, entre outros.
Chegado ao terminal rodoviário sou feito alvo das vendedoras de bilhetes que aborrecidas, vao apregoando alto e a bom som o destino que estao a vender.
- Potosi! Potosi! Potosííííí!!!
- Oruro! Oruro! Orurrrróóóóó!!!
Compro o dito bilhete e volto para o Centro. No restaurante fico impressionado com os preços. Por uma refeiçao de 30€ em Portugal, aqui pago cerca de 7€ e acreditem, a qualidade é a mesma e o serviço melhor!
Neste restaurante nao comi o prato típico da Bolivia. A comida tradicional reflecte a condiçao económica do Pais: Todo o requinte está confinado a um humilde pedaço de "pollo con papas cozidas", quanto muito come-se um belo bifinho de Lama que lamento dizer, ainda nao faz parte do meu palmarés gastronómico.
Apesar ser contra o uso de taxis enquanto mochileiro, devo confessar que ainda nao usei outro transporte publico! Por uma viagem de cerca de 5€ em Lisboa (Restelo-Santos), pago cerca de 50 centimos. Por isso, por mais forte que seja a minha vontade de viver o Pais atraves do contacto com as pessoas, seja no autocarro ou restaurante, sou levado amiúde a optar por opçoes mais caras mas que ainda assim sao baratas para um Portugues.
Este é um País pobre, competindo em termos de PIB per capita com Países como o Sudao ou Nigéria. Nao é de todo incomum encontrar hordes de pedintes - na sua maioria indigenas de idade avançada - mendigando pelas ruas das cidades e eu, "gringo" rico, sou alvejado mais intensamente... Lá vou dando umas moedinhas.
A razao pela qual a regiao mais rica das colónias Espanholas é agora a mais pobre escapa-me. Parece-me no entanto que a cobiça por essa mesma riqueza (essencialmente metais preciosos) foi uma das causas para o caos que este País viveu desde a sua fundaçao em 1825. Como interessado por material histórico, tenho de estudar melhor o assunto.
Vou amanha para a regiao de Chiquitos no extremo Este do País. Floresceram aqui durante quase 100 anos ricas missoes Jesuitas que, depois de expulsas a mando real em 1767, cairam em miséria.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Viagem de Autocarro
Sao cerca de 23 horas de viagem ou seja, mesmo para os padroes Sul Americanos é uma viagem longa, cerca de 2000km. Chegado ao terminal rodoviário com uns seguros 30 minutos de antecedência, dirigo-me ao café e compro uma "empanada" e uma garrafa de água. Lá como o dito alimento necessário a tao longa jornada e entrego a minha mochila ao bagageiro que prontamente me entrega um comprovante de bagagem.
Subo ao 2ºpiso do autocarro e aterro no lugar que me está destinado. Para variar, escolhi um lugar junto à janela mas para grande infelicidade minha, esta revelou-se uma má escolha. A verdade é que as cadeiras desta companhia sao mais estreitas que o normal e a distância entre as filas mais curta. Além disso, o que deveria ser janela é afinal uma barra que atravessa diagonalmente o vidro.
Por essas razoes, assim que chega o passageiro do lado e assim que o da frente decide inclinar a cadeira para dormir, sinto-me como um contorcionista tentando escolher a melhor forma para caber numa caixa pequena.
O autocarro arranca pelas 19h00 e passo os primeiros momentos a bordo apreciando a paisagem enquanto navego pelo mar dos meus pensamentos. É o pôr do Sol e vou pensando nas pessoas que estao em casa, na famíla, nos amigos, neste e naquele pedaço do meu ser que ficou pela terra de Camoes. Da mesma forma, faço uma retrospectiva do que foi feito nesta viagem, do que aprendi e o que falta fazer e aprender... Muitas coisas!
Luzes apagadas. Agora é tempo de cinema. Coloco os headphones e dou início a uma maratona cinematográfica que me ocupa o tempo ao longo de 3 horas. Findas as 3 horas, paramos pela primeira vez e o passageiro que está ao meu lado sai e dá lugar a outro muito mais modesto na ocupaçao de espaço. Pode ser que consiga dormir.
Contudo, travo uma acesa batalha contra o desconforto, tudo em prol de uma razoável noite de sono:
Braço direito para cima, esquerdo para baixo e pernas esticadas. Nao, assim nao dá! Braços cruzados sobre o peito e perna direita apoiada no banco da frente. Por momentos parece ser a posiçao certa mas ao fim de 15 minutos a perna fica dormente. Ok, mais uma tentativa. Braços estendidos, perna esquerda dobrada e cabeça inclinada, nao! Também nao dá!
E assim passei 2 horas, batalhando, controcendo-me e praguejando até que, resignado, saco do meu Mp3 e lá vou escutando as mesmas músicas de sempre (1gb de memória) até ao momento em que se dá nova paragem e, milagre! As cadeiras à minha frente ficam vagas!
Como um caozinho contente saio do meu desconforto espartano e atiro-me para os melhores lugares do autocarro, a fila da frente. Aqui podemos observar como o condutor, qual maestro dirigindo uma orquestra nos conduz através de paisagens inóspitas que adornam o caminho. Finalmente adormeço.
Acordo passadas 3h com o sentar pesado do novo passageiro do lado. Mas ora francamente! Era preciso acordar-me com essa violência toda? Viro-me para o lado, amaldiço-o por dentro e levo mais uma hora de sono leve até que acordo com fome de pequeno almoço e queixando-me da típica enxaqueca proveniente de longas horas enfiado num charuto rolante. Mesmo assim, tento dormir mais um pouco - pode ser que o tempo passe mais rápido - mas a hora foi sobretudo gasta com bruscas mudanças de posiçao que me impedem de concentrar no sono... Desisto, um cafézinho calhava mesmo bem agora!
Se assim pensei assim o fiz, na paragem seguinte toca de comprar esse néctar dos Deuses que rivitaliza o viajante cansado. E dada a situaçao, nem me queixei quando o café espresso que tanto sonhara era na realidade um balde de água suja vindo duma máquina Néscafé. Fora do autocarro, respiro o ar puro enquanto vou bebericando o café. Findos os minutos de paragem volto a respirar o ar de conserva no autocarro e passo o resto da viagem a apreciar a paisagem, escrever e a ver filmes.
Passadas 23h30 desde a partida no dia anterior eis que chego ao meu destino! Cansado, faminto, facilmente irritado, com corpo e mente dormentes de tao longa jornada, procuro pelo hostel enquanto me vou arrastando preguiçosamente pelas ruas da vila.
Chegado à minha nova casa, faço o ritual do mochileiro após viagem longa: checkin, comprar comida, tomar banho e comer (neste caso jantar).
Findo o ritual dou-me a conhecer aos restantes hóspedes e trocamos uma impressao ou outra acerca das nossas viagens.
Tenho tempo ainda para ler e escrever, saboroso lazer que me ocupa a mente antes de me ir deitar, coisa que faço após uma hora bem passada....
Subo para a cama e adormeço quase instantaneamente. Amanha nao viajo, amanha é tempo de conhecer!
Subo ao 2ºpiso do autocarro e aterro no lugar que me está destinado. Para variar, escolhi um lugar junto à janela mas para grande infelicidade minha, esta revelou-se uma má escolha. A verdade é que as cadeiras desta companhia sao mais estreitas que o normal e a distância entre as filas mais curta. Além disso, o que deveria ser janela é afinal uma barra que atravessa diagonalmente o vidro.
Por essas razoes, assim que chega o passageiro do lado e assim que o da frente decide inclinar a cadeira para dormir, sinto-me como um contorcionista tentando escolher a melhor forma para caber numa caixa pequena.
O autocarro arranca pelas 19h00 e passo os primeiros momentos a bordo apreciando a paisagem enquanto navego pelo mar dos meus pensamentos. É o pôr do Sol e vou pensando nas pessoas que estao em casa, na famíla, nos amigos, neste e naquele pedaço do meu ser que ficou pela terra de Camoes. Da mesma forma, faço uma retrospectiva do que foi feito nesta viagem, do que aprendi e o que falta fazer e aprender... Muitas coisas!
Luzes apagadas. Agora é tempo de cinema. Coloco os headphones e dou início a uma maratona cinematográfica que me ocupa o tempo ao longo de 3 horas. Findas as 3 horas, paramos pela primeira vez e o passageiro que está ao meu lado sai e dá lugar a outro muito mais modesto na ocupaçao de espaço. Pode ser que consiga dormir.
Contudo, travo uma acesa batalha contra o desconforto, tudo em prol de uma razoável noite de sono:
Braço direito para cima, esquerdo para baixo e pernas esticadas. Nao, assim nao dá! Braços cruzados sobre o peito e perna direita apoiada no banco da frente. Por momentos parece ser a posiçao certa mas ao fim de 15 minutos a perna fica dormente. Ok, mais uma tentativa. Braços estendidos, perna esquerda dobrada e cabeça inclinada, nao! Também nao dá!
E assim passei 2 horas, batalhando, controcendo-me e praguejando até que, resignado, saco do meu Mp3 e lá vou escutando as mesmas músicas de sempre (1gb de memória) até ao momento em que se dá nova paragem e, milagre! As cadeiras à minha frente ficam vagas!
Como um caozinho contente saio do meu desconforto espartano e atiro-me para os melhores lugares do autocarro, a fila da frente. Aqui podemos observar como o condutor, qual maestro dirigindo uma orquestra nos conduz através de paisagens inóspitas que adornam o caminho. Finalmente adormeço.
Acordo passadas 3h com o sentar pesado do novo passageiro do lado. Mas ora francamente! Era preciso acordar-me com essa violência toda? Viro-me para o lado, amaldiço-o por dentro e levo mais uma hora de sono leve até que acordo com fome de pequeno almoço e queixando-me da típica enxaqueca proveniente de longas horas enfiado num charuto rolante. Mesmo assim, tento dormir mais um pouco - pode ser que o tempo passe mais rápido - mas a hora foi sobretudo gasta com bruscas mudanças de posiçao que me impedem de concentrar no sono... Desisto, um cafézinho calhava mesmo bem agora!
Se assim pensei assim o fiz, na paragem seguinte toca de comprar esse néctar dos Deuses que rivitaliza o viajante cansado. E dada a situaçao, nem me queixei quando o café espresso que tanto sonhara era na realidade um balde de água suja vindo duma máquina Néscafé. Fora do autocarro, respiro o ar puro enquanto vou bebericando o café. Findos os minutos de paragem volto a respirar o ar de conserva no autocarro e passo o resto da viagem a apreciar a paisagem, escrever e a ver filmes.
Passadas 23h30 desde a partida no dia anterior eis que chego ao meu destino! Cansado, faminto, facilmente irritado, com corpo e mente dormentes de tao longa jornada, procuro pelo hostel enquanto me vou arrastando preguiçosamente pelas ruas da vila.
Chegado à minha nova casa, faço o ritual do mochileiro após viagem longa: checkin, comprar comida, tomar banho e comer (neste caso jantar).
Findo o ritual dou-me a conhecer aos restantes hóspedes e trocamos uma impressao ou outra acerca das nossas viagens.
Tenho tempo ainda para ler e escrever, saboroso lazer que me ocupa a mente antes de me ir deitar, coisa que faço após uma hora bem passada....
Subo para a cama e adormeço quase instantaneamente. Amanha nao viajo, amanha é tempo de conhecer!
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Patagónia e Ushuaia
À falta de inspiraçao aqui vai um monte de fotografias!
Puerto Madryn: Elefantes marinhos, machos chegam a pesar 5 ton!
Puerto Madryn: Pinguin de Magalhaes
Puerto Madryn: Baleia franca austral
El Calafate: Lago Argentino com Montanha desconhecida (para mim)
El Galafate: Prestes a entrar no parque do glaciar
El Calafate: Glaciar Upsala
El Calafate: Eu e o canadiano Sebastien no glaciar Perito Moreno
El Calafate: Glaciar Perito moreno
Terra do fuego: Fronteira...
O fim do Mundo.... Ushuaia
Terra do fogo: Estreito de Magalhaes!
Náufrago..
Puerto Madryn: Elefantes marinhos, machos chegam a pesar 5 ton!
Puerto Madryn: Pinguin de Magalhaes
Puerto Madryn: Baleia franca austral
El Calafate: Lago Argentino com Montanha desconhecida (para mim)
El Galafate: Prestes a entrar no parque do glaciar
El Calafate: Glaciar Upsala
El Calafate: Eu e o canadiano Sebastien no glaciar Perito Moreno
El Calafate: Glaciar Perito moreno
Terra do fuego: Fronteira...
O fim do Mundo.... Ushuaia
Terra do fogo: Estreito de Magalhaes!
Náufrago..
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
Buenos Aires 3 dias, 4 dias, 5 dias…. Deviam ter sido mais
Em Colónia del Sacramento (Uruguay) o barco que deveria levar-me para Buenos Aires atrasa-se, e é assim que eu e um Australiano gigante de nome James, decidimos passar a tarde passeando de scooter neste pequena cidade que em tempos foi Portuguesa. Sem capacete, sem óculos e mal habituado a semelhante veiculo, esforço-me para acompanhá-lo nos primeiros momentos, até que encontramos outro punhado de amigos anglo - ingleses e americanos - que havia conhecido em Montevideo. Depois de uma tarde bem passada entre cervejinhas e passeios de scooter/buggy, embarcamos todos no catamara que nos levará à cidade que é considerada Paris da América do Sul: Buenos Aires.
Chego atrasado pelas 23h30 da noite ao hostel Estoril, um dos melhores hostels do Mundo, facto que se viria a confirmar no decorrer dos dias que passei aquí. Dotado de um terraço de nivel superior, com sala de televisao (200 canais), Bar, excelente ambiente e com funcionários super simpáticos e prestáveis, sinto-me em casa neste hostel, vá... quase casa.
Inicialmente tinha reservado cama para 3 dias mas sabendo já de antemao que provavelmente iria ficar mais tempo. Por isso, nao fiquei surpreendido quando a cidade me surpreendeu. Desculpem o paradoxo mas é assim mesmo que deve ser dito e como diria o meu primo Diogo: “Alavanca o paradoxo!"
Entre visitas ditas culturais em modo solo, ou saídas nocturnas com o resto da malta do hostel, acabei por reservar cama para mais um dia. Conheço várias pessoas interessantes:
Victor, Catalao de corpo e alma, tinha estado a viajar com os Pais pela Argentina nos últimos 15 dias mas depois da sua partida, decide ficar em Buenos Aires e Argentina por mais umas semanas. Publicitário de profissao, despediu-se do seu recente emprego quando o seu patrao nao fez caso das suas exigencias salariais, ficando agora livre para ”to think in life you know? Being alone is good to think!”. Agora imaginem isto com aquele toque cómico que a pronuncia española traz….
Peter, um suiço bebedolas de 1,85, tinha passado 2 meses em Buenos Aires para aprender español e depois de atingidos os minimos, qualificou-se para uma viagenzita de 2 meses pela Bolivia e Argentina. Tinha acabado de regressar e estava a aproveitar os seus ultimos dias em B.A. pelo que as saídas nocturnas e as bebedeiras eram constantes, assim como as ressacas matinais!
Bem acompanhado, reservo mais uma noite no hostel e continuo com a mesma receita dos dias anteriores, de manha incursao pelos bairros da cidade e a noite (caso estívesse com vontade) uma saidazinha.
Entre la Boca, San Telmo, Palermo e outros Bairros da cidade, traço igualmente um roteiro gastronómico exigente cuja dieta se baseia essencialmente em "bife de chorizo" ou "bife de Lomo". Como seria de calcular, a qualidade da carne é qualquer coisa de divinal. Coincidência ou nao, A fotografia abaixo foi tirada exactamente no dia em que comi melhor até ao momento, foi um belo "bife de chorizo con papas à lá créma"...mmmmm..
Ah! Obviamente que o Tango esteve presente! E que tango! Com Thais (S.Paulo) e sua familia, acabei por me encontrar num dos melhores espectáculos de Tango da cidade, "Esquina Carlos Gardel" segundo me lembro, era o nome da companhia. Depois de umas entradas bem saborosas e de um bife bem suculento, começam as danças, que bela sobremesa! Uma dança em estilo clássico, chique mas com um toque de sensualidade Sul americana.
Sem qualquer espectativa em relaçao ao que estava para assistir, saio do restaurante/teatro completmante extasiado com o que tinha acabado de ver... Valeu a pena!
Nao sei como hei-de explicar como é Buenos Aires, mas penso que se quiser resumir a capital Argentina numa frase, será qualquer coisa assim: "Uma cidade marcadamente espanhola, mas com um pequeno toque do exótico que a América do Sul carrega". Vale a pena visitar, sem dúvida alguma. Parto com a sensaçao que um dia voltarei, 5 dias souberam-me a pouco.... Adorei!
Estou agora na Patagónia, uma regiao que sempre me fascinou!
Chego atrasado pelas 23h30 da noite ao hostel Estoril, um dos melhores hostels do Mundo, facto que se viria a confirmar no decorrer dos dias que passei aquí. Dotado de um terraço de nivel superior, com sala de televisao (200 canais), Bar, excelente ambiente e com funcionários super simpáticos e prestáveis, sinto-me em casa neste hostel, vá... quase casa.
Inicialmente tinha reservado cama para 3 dias mas sabendo já de antemao que provavelmente iria ficar mais tempo. Por isso, nao fiquei surpreendido quando a cidade me surpreendeu. Desculpem o paradoxo mas é assim mesmo que deve ser dito e como diria o meu primo Diogo: “Alavanca o paradoxo!"
Entre visitas ditas culturais em modo solo, ou saídas nocturnas com o resto da malta do hostel, acabei por reservar cama para mais um dia. Conheço várias pessoas interessantes:
Victor, Catalao de corpo e alma, tinha estado a viajar com os Pais pela Argentina nos últimos 15 dias mas depois da sua partida, decide ficar em Buenos Aires e Argentina por mais umas semanas. Publicitário de profissao, despediu-se do seu recente emprego quando o seu patrao nao fez caso das suas exigencias salariais, ficando agora livre para ”to think in life you know? Being alone is good to think!”. Agora imaginem isto com aquele toque cómico que a pronuncia española traz….
Peter, um suiço bebedolas de 1,85, tinha passado 2 meses em Buenos Aires para aprender español e depois de atingidos os minimos, qualificou-se para uma viagenzita de 2 meses pela Bolivia e Argentina. Tinha acabado de regressar e estava a aproveitar os seus ultimos dias em B.A. pelo que as saídas nocturnas e as bebedeiras eram constantes, assim como as ressacas matinais!
Bem acompanhado, reservo mais uma noite no hostel e continuo com a mesma receita dos dias anteriores, de manha incursao pelos bairros da cidade e a noite (caso estívesse com vontade) uma saidazinha.
Entre la Boca, San Telmo, Palermo e outros Bairros da cidade, traço igualmente um roteiro gastronómico exigente cuja dieta se baseia essencialmente em "bife de chorizo" ou "bife de Lomo". Como seria de calcular, a qualidade da carne é qualquer coisa de divinal. Coincidência ou nao, A fotografia abaixo foi tirada exactamente no dia em que comi melhor até ao momento, foi um belo "bife de chorizo con papas à lá créma"...mmmmm..
Ah! Obviamente que o Tango esteve presente! E que tango! Com Thais (S.Paulo) e sua familia, acabei por me encontrar num dos melhores espectáculos de Tango da cidade, "Esquina Carlos Gardel" segundo me lembro, era o nome da companhia. Depois de umas entradas bem saborosas e de um bife bem suculento, começam as danças, que bela sobremesa! Uma dança em estilo clássico, chique mas com um toque de sensualidade Sul americana.
Sem qualquer espectativa em relaçao ao que estava para assistir, saio do restaurante/teatro completmante extasiado com o que tinha acabado de ver... Valeu a pena!
Nao sei como hei-de explicar como é Buenos Aires, mas penso que se quiser resumir a capital Argentina numa frase, será qualquer coisa assim: "Uma cidade marcadamente espanhola, mas com um pequeno toque do exótico que a América do Sul carrega". Vale a pena visitar, sem dúvida alguma. Parto com a sensaçao que um dia voltarei, 5 dias souberam-me a pouco.... Adorei!
Estou agora na Patagónia, uma regiao que sempre me fascinou!
Subscrever:
Mensagens (Atom)